Fingir que somos apenas luz, samurais resplandecentes da paz e do amor, que temos uma auréola brilhante sobre as nossas cabeças, que caminhamos sobre nuvens e logo temos a capacidade de resolver os fantasmas dos outros, salvando a humanidade, é um grande engano. O caminho é para dentro que se faz. Dentro de nós. E é dessas entranhas, destas viagens puras, reais, para dentro da nossa escuridão, que nos podemos doar aos outros com tudo aquilo que somos. As relações só podem ser reais se assim o formos connosco. As relações só podem vibrar em amor se conseguirmos viver as nossas sombras. Os portais da morte e renascimento levam-me ao fundo do mar profundo. Já vivi muitos. Outros virão. Mexem com as minhas águas internas, com as minhas memórias. Empurram-me para o fundo do mar e para o fundo da minha terra. Levam-me a espaços muito profundos. Mas é destes espaços, com ajuda das minhas maravilhosas ancoras, as minhas doces doulas amigas, que renasço mais inteira. Que me doulo e que me deixo doular. Que me morro e que me paro. Mais eu. A Vida atravessa-me. Eu deixo.
A sombra também ela é um espaço de muita luz. Assim nós a consigamos ver. Assim nós tenhamos pessoas, doulas, ao nosso lado que nos possam ajudar a vê-lo. Que possam testemunhar a nossa beleza na travessia pelo deserto profundo das nossas entranhas. Que possam segurar o nosso espaço sagrado e nos deixem ser sombra. E que nos amem assim.
"Knowing your own darkness is the best way of dealing with the darkness of other people."
Carl Jung
Desejo que todos os Seres possam ser sombra em Amor. Porque é delas que o Amor se expande...assim nós o deixemos.
Ana Catarina
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