COMUNIDADE FORMATIVA - DESENVOLVIMENTO PESSOAL
“ A alma humana não quer ser aconselhada , consertada ou salva. Ela simplesmente quer ser testemunhada, ser vista, ouvida e acompanhada exatamente como é.”
"Que sejamos arte em movimento. Que a arte da vida nos expanda a visão e a consciência, e não nos congele no momento. Que consigamos entrar na arte da vida e ser a árvore, a flor, o pássaro, o vento, a nuvem, a pedra, o fogo, a pessoa. Que consigamos integrar-nos na arte que somos e na arte que nos rodeia. Em tudo e em todos. "
- Ana Catarina -
Será que a queda de uma folha no outono é uma doença que precisa de cura?
Será que as cores de uma folha no outono são sinónimo de doença?
Será que a queda de uma folha no outono precisa ser salva e se manter agarrada a qualquer custo à sua árvore mãe?
O que aconteceria se fizéssemos manobras invasivas, de encarniçamento terapêutico, numa folha que está preparada para cair no outono?
O que aconteceria se o inverno não chegasse nunca?
O que aconteceria se quisermos prolongar a primavera?
O que observas na natureza, ao teu redor, neste momento relativamente às estações do ano? Flores que deveriam brotar na primavera e florescem no inverno.
Somos natureza.
- Ana Catarina -
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Parcerias
Objetivo
A Comunidade de Doulas do Fim da Vida não é uma Associação, por si só, mas foi criada com a Associação Amara (amara.pt) que nos dá todo o suporte neste sentido, sendo, assim, uma extensão dos seus projetos e objetivos.
A criação de parcerias, com Associações compatíveis com os seus princípios, permite fazer crescer a Comunidade de forma credível, sustentada e enraizada, e conseguindo cumprir os objetivos a que a Comunidade se propõe:
1- Promover a informação e a formação, transformando a forma como se vê a vida e a morte e contribuindo para que a doença, o sofrimento, o envelhecimento, a vulnerabilidade, a morte, e todos os processos de transformação, sejam encarados como parte do processo natural que é a vida.
2- Contribuir para a promoção do acompanhamento, das doulas, de pessoas em fim de vida e das suas famílias.
3- Desenvolver iniciativas que contribuam para a promoção, conservação e proteção do património natural, pela salvaguarda da biodiversidade e ecossistemas, em especial as florestas e espécies
autóctones, fomentando transversalmente de forma ativa a cidadania participativa, a educação, a sustentabilidade, a responsabilidade social e ambiental.
4- Criar pontes entre a visão animista e os processos de transformação e ciclos naturais dos quais todos os seres humanos fazem parte.
Atividades
1- Para realização do seu fim a Comunidade propõe-se a criar e desenvolver as seguintes atividades:
a - Colaborar com entidades públicas e privadas que desenvolvam atividades de interesse público coincidentes com as da Comunidade;
b - Estabelecer parcerias com universidades, institutos, empresas e outros organismos, públicos ou privados, e com associações congéneres, nacionais e internacionais, destinadas a permitir a prossecução dos objetivos da Comunidade;
c - Promover e fomentar atividades de educação e formação para a cidadania participativa, sustentabilidade, responsabilização social e ambiental, formação sobre o final da vida e a promoção e desenvolvimento do trabalho das doulas do final da vida;
d - Difundir a importância da arte, das terapias, do desenvolvimento pessoal, da ecologia e da sustentabilidade na sociedade atual.
d- Organizar cursos, estágios, seminários, colóquios, congressos, conferências, encontros e exposições destinados a prosseguir e promover os objetivos da Comunidade;
e- Realizar ações interculturais que valorizem a cooperação internacional;
f- Elaborar publicações relacionadas com as atividades desenvolvidas pela Comunidade e organizar documentação e informação relacionada com tais atividades;
g- Promover o acompanhamento, por doulas, de pessoas que queiram viver uma vida mais plena, que quiserem falar, aprofundar e conectar-se com os seus ciclos da vida, lutos, processos de transição, rituais de passagem e viver uma vida mais consciente.
h- Promover o acompanhamento, por doulas, de pessoas com doença crónica, avançada e progressiva e suas famílias, seja no domicílio, nos hospitais ou outras instituições, antes, durante e após a sua passagem;
i - Promoção dos funerais mais sustentáveis
j- Promover a investigação cientifica e a edição de publicações e outros materiais lúdicos, culturais ou científicos;
k. Implementação de projetos compatíveis com os objetivos supra mencionados.
l. Angariar fundos públicos ou privados para a realização do seu objetivo.
Relatos
Queremos saber como foram as vossas experiências pessoais e/ou profissionais no acompanhamento de pessoas com doenças crónicas irreversíveis e acompanhamento em fim de vida.
Queremos ser amparo e escuta ativa para quem se sentiu e sente desamparado.
Recebemos muitos relatos pessoais de experiências difíceis, de muitas dificuldades em aceder a cuidados paliativos, a bons cuidados, de más práticas, que queremos recolher.
São relatos e dados preciosos para podermos transformar a forma como se vive o morrer em Portugal.
Precisamos da ajuda de todos.
Precisamos olhar e confrontar a realidade para a poder transformar.
Queremos ser amparo e escuta ativa para quem se sentiu e sente desamparado.
Como foi acompanhar um familiar e/ou amigo em casa ou no hospital?
Que dificuldades sentiram?
Como se sentiram?
Como é para um profissional de saúde trabalhar num hospital, onde não existem cuidados paliativos, ou existem, mas a resistência na sua prestação seja muita e não exista possibilidade de referenciação, por diferentes motivos?
Não perpetuemos o ciclo que ignora a dor do mundo. Todos podemos fazer a diferença. Reconheçamos a nossa dor. Reconheçamos a dor de quem amamos. Reconheçamos as nossas vitórias e histórias de sucesso também.
Os dados serão recolhidos e tratados de forma confidencial.
Podemos colocar alguns relatos no site mas respeitando sempre a confidencialidade dos dados das pessoas e instituições envolvidas.
Podem escrever para: ana.doulavidamorte@gmail.com
Relato de um acompanhamento voluntário a uma pessoa sem abrigo, simbolizando que todos, sem exceção, podemos fazer a diferença no nosso dia a dia:
"Devido à Pandemia, nada podemos fazer; sentimo-nos impotentes!.... tentámos contactar a médica que o assistia, mas sem sucesso. Contudo, não baixamos os braços, contactamos o hospital via e-mail e telefonicamente, no sentido de saber o seu estado de saúde, mas como não eramos família, nada nos poderiam dizer!
Acabou por falecer em Março de 2021. Dez dias depois, ligámos ao hospital, o qual nos informou que ninguém tinha reclamado o corpo.
O conhecimento da minha amiga (nas Misericórdias) levou a que se soubesse o dia do funeral. Realizou-se na presença de 2 (duas) Senhoras (Misericórdias), um Padre e duas Amigas (nós duas). A nossa presença simbolizou todas as pessoas que o ajudaram."
Relato de uma enfermeira e neta:
"O que poderia ter sido diferente?
Sem dúvida que um aspeto óbvio seria a informação dada aos familiares pelo hospital. Não pode acontecer que numa situação de mau prognóstico e em que se privilegiam medidas de conforto, num idoso de 93 anos, incapaz de responder por si próprio, esta informação não seja dada à família. Nós temos o direito de saber. Sei que é muito difícil cuidar de entes queridos em fase final de vida e que por isso existam familiares que preferem não o fazer ou que não tenham condições para o fazer. Mas não nos retirem essa escolha não nos dando informação em tempo útil. Também gostaria que houvesse mais sensibilidade para tentar perceber o contexto da pessoa hospitalizada. O meu avô já há um bom tempo que não queria viver. E certamente não queria morrer no hospital. Quando consegui que me ouvissem já foi tarde demais. Também acho que seria importante mais formação e sensibilização na área dos cuidados paliativos para os profissionais da urgência. Bem sei que aqui o foco é salvar vidas. Mas e quando não é possível salvar, deixa-se morrer sozinho, de mãos atadas, num ambiente hostil (barulhento, desconfortável, impessoal)? Tenho noção que não é fácil dar alta da urgência para uma pessoa ir morrer a casa. Mas avalie-se essa possibilidade com seriedade. Também saber mais a nível de medicação e medidas de conforto para quem opta por cuidar em casa. Sei que a equipa dos paliativos tem essa competência. Mas quando os profissionais da urgência têm conhecimentos insuficientes sobre como fazer esta transição, resistem à ideia talvez porque podem pensar que a pessoa vai sofrer mais ou que as família não são capazes. Também decidir-se em equipa e não ficar apenas a decisão sobre os ombros do chefe da urgência. Para mim o maior sofrimento foi saber que o meu avô morreu sozinho numa maca da urgência e eu não consegui fazer nada por ele…
Gostava que outros avós tivessem oportunidades diferentes.
Gostava que mais famílias tivessem acesso à informação e sensibilização para este tema. Será que têm bem a noção do que significa morrer nestas circunstâncias?
Incomoda-me que como sociedade não consigamos fazer mais, melhor.
Acredito que temos o dever de lutar por melhores experiências de morte, por mais dignidade, mais humanidade na hora de morrer. Incomodemo-nos com isto, até porque, um dia podemos ser nós, sozinhos, de mãos atadas, a morrer numa daquelas macas…
Por isso partilho estas vivências tão pessoais e estou disposta a repeti-las as vezes que forem necessárias. Vamos falar mais sobre este assunto. É urgente falar sobre a forma como se morre!"
Relato de uma enfermeira e neta:
"E às tantas só estávamos ali com a minha avó, a vê-la partir aos poucos, .... No meio daquela dor fomos capazes de relembrar histórias do passado, comer qualquer coisa e até rir por breves momentos. Fico com a esperança de que a minha avó nos pudesse ter ouvido e que isso de alguma forma lhe trouxesse algum conforto. Ao olhar a minha avó ao longo daquelas horas que antecederam a sua morte, voltei a pensar no paralelismo com o nascimento. Como é solitário o processo de nascimento, tanto para quem nasce como para a mulher que pare o seu filho. Como é uma experiência tão avassaladora, tão extraordinária quanto assustadora. Calculo que morrer também será algo assim. E também acredito que apesar de ser uma experiência solitária, faz toda a diferença estar num lugar seguro, familiar e junto de quem amamos. A minha avó morreu às 9 da noite de terça-feira, dia 16 de fevereiro de 2021, nos nossos (a)braços. Fomos chamar a sua irmã, que mora na casa ao lado, que com os seus 86 anos de vida sabia exatamente o que fazer. E fomos nós, as 4 mulheres da família que vestimos e cuidámos da minha avó. No dia seguinte veio o padre da sua paróquia e a minha avó foi velada pela família mais próxima na sua casa, na sua cama, tendo saído diretamente para o cemitério no dia seguinte. Eu sei que esta história já vai longa. Mas se a abreviar não é possível chegar ao significado de passar por esta experiência. O facto de ter vivido tudo, o difícil, o desconhecido, a incerteza, o ter tido sorte, ter as pessoas certas no meu caminho, a dor toda de ver a minha querida avó a partir. Foi difícil mas também foi uma benção. Não trocava por nada deste mundo. Amar-te-hei sempre avó e faria tudo outra vez."